sábado, 19 de novembro de 2016

O CASAMENTO DOS IRMÃOS

Aqui em Sabinópolis acontecem coisas que só por aqui mesmo.
            Naquela tarde de sábado, José Maria, bem vestido, contrariando seu costume de andar desmazelado, passou em frente da loja de Pedro Minhoca quando foi interpelado:
            - Uai, Sô, você hoje está arreado para festa. Que diabo é isto?
          - Estou indo ao casamento de meus irmãos, respondeu prontamente o José Maria.
            - Então tem dois casamentos hoje? A festa deve ser boa, né? Dobrada.
            - Que nada, Sô. É um casamento só. Meu irmão vai casar com minha irmã.
            O Pedro Minhoca passou a mão pela base da nuca e fixou o olhar em José Maria em ar indagativo.
            - Não entendi nada, então.
            E o José Maria explicou:
            - Meus pais casaram-se e sou o único filho resultante desta união. Eu era ainda pequeno quando meu pai deixou minha mãe e foi morar com a sua atual mulher. Teve mais filhos, portanto meus irmãos. Minha mãe, por sua vez, juntou-se com Manoel Galdino e tiveram uma filha, também minha irmã. Um dos filhos de meu pai, deste seu segundo casamento, começou a namorar com a filha de minha mãe e hoje estão se casando. Portanto estou indo assistir ao casamento de meu irmão com a minha irmã.
            Saiu em direção à Igreja enquanto Pedro Minhoca, boquiaberto, digeria o que escutara.


Obs: Os nomes dos personagens são fictícios mas o relato é verdadeiro, digno de uma reportagem de televisão.

domingo, 13 de novembro de 2016

A BRIGA

            Américo, era um sujeito pacífico. Entretanto quando bebia, e era quase todos os dias que isto acontecia, costumava ficar valente e provocativo, somente da boca pra fora.
            Já de idade avançada, uma tarde arranjou uma confusão com Cica Curiango, um franzininho feito um grilo que não aguentava uma gata pelo rabo. A confusão foi na porta do armazém de Alenir e Humberto que lá trabalhava não deixou os dois irem às vias de fato. Mais tarde, o Américo já curado da cachaça, procurou o Humberto em ar arrependido:
            - Olha, Humberto, vou procurar o Cica e acabar com essa desavença besta entre nós dois. Briga é coisa que não presta. Além do mais, eu não aguento bater e nem ele aguenta apanhar.

            Procurou o Curiango e selaram acordo de paz definitivo.