LADRÃO DE LENHA
Benevides
Cascalho residia no povoado de Socapó de Cima. Umas dez ou doze casas compunham
o lugar. Gente simples. Lugar pacato. Mas, nas últimas semanas, o Benevides
notara que a lenha que recolhia nas redondezas e deixava picada para consumo da família parece que diminuía,
assim da noite pro dia. Intrigado passou
a contar os paus de lenha e confirmou que em algumas noites desapareciam três ou
quatro deles.
- Diacho,
Sô! Tem um larápio por aqui. Ah! Mas eu dou um jeito!
Quatro dias
depois, um domingo de manhã, acordou com uma explosão na vizinhança. Totonha,
sua mulher, que providenciava o café, correu
em direção ao trovejo para apurar de que se tratava. Levantou-se sem pressa o
Cascalho e aguardou o retorno da patroa.
- Cruz, credo,
Benevides! Foi lá na casa do Mané Fuinha. Parece que é coisa do outro mundo. O
fogão de lenha explodiu, rachou no meio e mandou o caldeirão de feijão lá fora,
no terreiro. A mulher dele tá lá, branca que nem uma vela, e não sabe de onde
veio aquilo.
Benevides,
sim, sabia de que se tratava.
No dia
anterior, numa broca de um pau de lenha deixado por cima do monte, escondera
uma bomba cabeça de nego, número quatro, daquelas alinhavadas com barbante
forte.
Sorriu
fininho, só na alma, e foi tomar o seu café acabado de passar.