terça-feira, 31 de janeiro de 2017


FUGURAS DE SABINÓPOLIS

Cica Curiango é uma figura muito conhecida em Sabinópolis. Raquítico e estrábico rondava as ruas centrais da cidade e por um período entregou gás nas residências. Bebia e saia expelindo frases repetitivas pelos quatro cantos. Uma de suas expressões costumeiras era: Comigo não tem mosquito. Queria dizer que com ele não havia tempo ruim ou pendências. Resolvia tudo na hora.
Mais tarde o Cica ingressou numa igreja evangélica e, ao que parece, deixou o vício da bebida. Num dos cultos, o pastor conclamava os fiéis a expressarem o seu testemunho ou a apresentarem sua manifestação de louvor a Deus. Cada um, a seu modo, narrava um fato milagroso ou enaltecia o poder de Deus, seguido da expressão “Aleluia”.
Cica, por sua vez, envergonhado dirigiu-se à frente da assembléia. Parou e fixou o seu olhar estrábico para um lado. Ergueu o braço direito e proferiu o seu testemunho da grandeza de Deus:
            - Com Cristo não tem mosquito. Aleluia!

Ainda hoje vive por aqui, mais recolhido à sua residência em decorrência da idade já avançada.

terça-feira, 3 de janeiro de 2017

OVNI NA PESCARIA

            Corria alguns boatos aqui em Sabinópolis que algumas pessoas depararam com Discos Voadores, principalmente durante a noite, quando luzes estranhas brilhavam assombrando muita gente.
Algum tempo depois, quando as aparições amainaram, Guidoval Manfredo, juntamente com Tomazão Canastra resolveram ir à busca de mandis. A noite era de poucas estrelas e nenhuma lua. Estabeleceram-se numa curva do rio, de águas fundas, numa mata fechada que ali desembocava. O Tomazão escolheu um ponto na entrada da curva. Já o Guidoval ficou mais embaixo, onde as águas produziam um redemoinho preguiçoso.
            Cerca de uns três quartos de hora depois, o Guidoval vai procurar a garrafinha de pinga que ficara numa capanga uns dez metros atrás da barranca onde estava. Lanterna na mão, alcança o seu objetivo e serve-se de uma golada generosa. Apanha um tira-gosto no mesmo bornal e vira-se para retornar ao ponto da pesca. Aí percebe aquela luz esquisita a perambular na copa das árvores sobre sua cabeça. Volta-se em direção à coisa e vê que o facho luminoso faz um semicírculo postando-se estrategicamente à sua retaguarda. Já apavorado, volta-se novamente para observar de frente a luz e vê que ela rodeia outra vez, mantendo-se no alto, às suas costas. Voz trêmula, chama o companheiro que atende preocupado:
- Que foi, Guidoval? Qual é o problema?
- Olha esta coisa aí na copa das árvores. Isto é coisa do outro mundo.
O Tomazão observa que no bolso dos fundos do Guidoval a lanterna acesa mandava o foco de luz que circulava conforme o movimento do companheiro.

- Que coisa do outro mundo, que nada! É deste mundo aqui mesmo.