BICHEIRA DO BURRO
Manuel
Português chegou na farmácia do Glicério já no fim da tarde. Depois de um dedo
de prosa, disse ao que veio:
- Olha,
Glicério, meu burro está com uma bicheira debaixo do rabo, bem ali na beirinha,
cê sabe, né, e vim aqui para saber se tem aí algum remédio para curar o
melefício.
O boticário
pesquisou nas suas prateleira e trouxe um vidro com um pozinho branco.
Recomendou:
- Você
despeja este remédio numa folha dobrada de papel, em forma de bica. Pede a
alguém para levantar o rabo do burro e,
direcionando o canudo para o lugar afetado, sopre o pó na ferida. Dentro de três dias você volta cá e me conta.
Garanto que o problema estará resolvido.
Não foram
necessários três dias. Dia seguinte, chega o Manuel à farmácia, com um tapa-olho
no lado direito. Resmungou um cumprimento e foi interpelado pelo boticário:
- E aí,
Manuel, que diacho aconteceu? E seu burro? Melhorou?
E o
Português, meio desolado, ainda segurando o tapa-olho:
- Olha,
Glicério, eu fiz como o Senhor recomendou: coloquei o pó na folha de papel,
direcionei para a bicheira, mas deu tudo errado.
- Mas o que
houve, Manuel, não pode ter dado errado.
- É, Glicério, é que o burro soprou primeiro.
- É, Glicério, é que o burro soprou primeiro.

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