terça-feira, 30 de junho de 2015

BICHEIRA DO BURRO



            Manuel Português chegou na farmácia do Glicério já no fim da tarde. Depois de um dedo de prosa, disse ao que veio:
            - Olha, Glicério, meu burro está com uma bicheira debaixo do rabo, bem ali na beirinha, cê sabe, né, e vim aqui para saber se tem aí algum remédio para curar o melefício.
            O boticário pesquisou nas suas prateleira e trouxe um vidro com um pozinho branco. Recomendou:
            - Você despeja este remédio numa folha dobrada de papel, em forma de bica. Pede a alguém para levantar o rabo do burro e,  direcionando o canudo para o lugar afetado, sopre o pó na ferida.  Dentro de três dias você volta cá e me conta. Garanto que o problema estará resolvido.
            Não foram necessários três dias. Dia seguinte, chega o Manuel à farmácia, com um tapa-olho no lado direito. Resmungou um cumprimento e foi interpelado pelo boticário:
            - E aí, Manuel, que diacho aconteceu? E seu burro? Melhorou?
            E o Português, meio desolado, ainda segurando o tapa-olho:
            - Olha, Glicério, eu fiz como o Senhor recomendou: coloquei o pó na folha de papel, direcionei para a bicheira, mas deu tudo errado.
            - Mas o que houve, Manuel, não pode ter dado errado.
            - É, Glicério, é que o burro soprou primeiro.

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