BICHO ESPERTO
Abílio Barroso reside na praça
central de Sabinópolis, numa casa de amplo quintal, com água corrente nos
fundos dispondo até de um moinho tocado a água. Cria lá suas galinhas,
cachorros e sei lá se outros bichos. Um rapaz, o Zé Fuinha, ajudava nas tarefas
diárias, limpando a área, cuidando dos animais e municiando o moinho e
recolhendo o fubá e a canjiquinha.
Percebeu que
suas galinhas e frangos iam minguando. Um dia deu falta da Penosa, uma franga
avermelhada, no outro dia faltou o frango Custódio, de primeiro canto. Um
vizinho, o Juvenal, asseverou-lhe ter visto o empregado saindo no dia anterior
carregando alguma coisa.
- Olha,
Abílio, se eu fosse você ficava de olho. Você sai à tarde antes dele e só volta
à noite, depois que ele já se foi!... A ocasião é que faz o ladrão.
Barroso
resolveu investigar. Saiu à tarde e voltou cerca de meia hora depois. O rapaz
ainda estava lá, lavando o rosto na torneira do tanque. Ficou surpreso com a
chegada inesperada do patrão. Abílio viu alguma coisa se mexendo dentro de um
saco e inquiriu o Fuinha:
- Que diacho
é isto aí neste saco?
O ajudante
chegou perto, apalpou o invólucro e, em ar de espanto, disparou:
- É um
frango ou galinha. A peste do bicho só pode ter entrado aí sozinho.
- Mas a boca
do saco está amarrada, Zé Fuinha.
E o rapaz
com cara de admiração:
- Bichinho
esperto, heim Sô Abílio. Eita bichinho danado!
Abílio
liberou o galo Inácio e o empregado também para que procurasse serviço em outra
freguesia.
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