segunda-feira, 8 de maio de 2017

BICHO ESPERTO

                Abílio Barroso reside na praça central de Sabinópolis, numa casa de amplo quintal, com água corrente nos fundos dispondo até de um moinho tocado a água. Cria lá suas galinhas, cachorros e sei lá se outros bichos. Um rapaz, o Zé Fuinha, ajudava nas tarefas diárias, limpando a área, cuidando dos animais e municiando o moinho e recolhendo o fubá e a canjiquinha.
            Percebeu que suas galinhas e frangos iam minguando. Um dia deu falta da Penosa, uma franga avermelhada, no outro dia faltou o frango Custódio, de primeiro canto. Um vizinho, o Juvenal, asseverou-lhe ter visto o empregado saindo no dia anterior carregando alguma coisa.
            - Olha, Abílio, se eu fosse você ficava de olho. Você sai à tarde antes dele e só volta à noite, depois que ele já se foi!... A ocasião é que faz o ladrão.
            Barroso resolveu investigar. Saiu à tarde e voltou cerca de meia hora depois. O rapaz ainda estava lá, lavando o rosto na torneira do tanque. Ficou surpreso com a chegada inesperada do patrão. Abílio viu alguma coisa se mexendo dentro de um saco e inquiriu o Fuinha:
            - Que diacho é isto aí neste saco?
            O ajudante chegou perto, apalpou o invólucro e, em ar de espanto, disparou:
            - É um frango ou galinha. A peste do bicho só pode ter entrado aí sozinho.
            - Mas a boca do saco está amarrada, Zé Fuinha.
            E o rapaz com cara de admiração:
            - Bichinho esperto, heim Sô Abílio. Eita bichinho danado!

            Abílio liberou o galo Inácio e o empregado também para que procurasse serviço em outra freguesia.

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