INCIDENTES NA SEMANA
SANTA II
O povoado de
Lagoa do Jacaré estava eufórico. Era a primeira vez que assistiriam à encenação
do Calvário, ao vivo, com atores locais.
A praça da
Igrejinha fora toda preparada para a cerimônia. Da esquina de uma rua próxima
vinha o séquito tendo Jesus à frente, carregando a cruz, ladeado pelos soldados
romanos, todos bem caracterizados, castigando o Salvador. De um alto-falante o
vigário narrava os fatos. Jesus chegou ao ponto pré-preparado onde o fixaram na
cruz que foi erguida e instalada num buraco já cavado anteriormente. Subiram
com o lenho, com o ator amarrado pelos braços e pernas. E ouviu-se um suspiro
de comoção em toda a praça. Jesus agonizava frente à multidão.
De repente
um grito do Salvador:
- Segura,
segura, segura...
E a cruz,
mal afixada, foi tombando lentamente para a frente e o pobre Jesus Cristo deu
de cara e corpo com a poeira do chão, tendo ainda o peso da cruz na sua
retaguarda.
Só deu de si depois de uns quinze
dias num hospital da cidade mais próxima.
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