quinta-feira, 17 de janeiro de 2019


INCIDENTES NA SEMANA SANTA II

            O povoado de Lagoa do Jacaré estava eufórico. Era a primeira vez que assistiriam à encenação do Calvário, ao vivo, com atores locais.
            A praça da Igrejinha fora toda preparada para a cerimônia. Da esquina de uma rua próxima vinha o séquito tendo Jesus à frente, carregando a cruz, ladeado pelos soldados romanos, todos bem caracterizados, castigando o Salvador. De um alto-falante o vigário narrava os fatos. Jesus chegou ao ponto pré-preparado onde o fixaram na cruz que foi erguida e instalada num buraco já cavado anteriormente. Subiram com o lenho, com o ator amarrado pelos braços e pernas. E ouviu-se um suspiro de comoção em toda a praça. Jesus agonizava frente à multidão.
            De repente um grito do Salvador:
            - Segura, segura, segura...
            E a cruz, mal afixada, foi tombando lentamente para a frente e o pobre Jesus Cristo deu de cara e corpo com a poeira do chão, tendo ainda o peso da cruz na sua retaguarda.
Só deu de si depois de uns quinze dias num hospital da cidade mais próxima.

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