quinta-feira, 17 de janeiro de 2019


PAPO DE BUTECO

            Costinha, para quem não conhece, é amigo nosso e assalta a gente toda noite num buteco (boteco é o certo, mas é mais feio) ali debaixo do antigo Hotel Amparo. Lá se reúnem amigos e outros vagabundos para um papo no final do dia, regado a cerveja e pinga de boa qualidade.
            Nesta quarta-feira, o Costinha, que de costume limpa o bar na parte da manhã para abri-lo para o público à tardezinha e à noite, enquanto fazia a higiene do local, deixou uma carne cozinhando para o tira-gosto. Esqueceu-se dela e foi embora, sendo avisado mais tarde de uma fumaça negra que saia do estabelecimento. Voltou às pressas ao local e constatou que a iguaria estava irremediavelmente perdida, queimada, um carvão no fundo da panela. À noite, um cheiro de fumaça e esturrado infestava o local.
            Muito bem. Ontem, sexta-feira, como de costume, a pinga e o tira-gosto foi solicitado. O torresmo havia passado do ponto na fritura. Mais moreno do que o habitual. Questionado, o Costinha justificou que foi uma ligeira distração enquanto organizava as bebidas na geladeira.
            Solemar, outro nosso amigo, que também não presta, frequentador assíduo do lugar, sabedor do acontecimento anterior, ou seja, a carne queimada, e vendo o torresmo também fora de ponto, manifestou-se nestes termos:
            - É!  O Costinha tá mudando de ramo. Acho que agora é carvoeiro.
            E o buteco continua lá para escutar as conversas-fiado nossa e de nossos amigos.
            Ainda bem.

Nenhum comentário:

Postar um comentário