quinta-feira, 17 de janeiro de 2019


SURPRESA NO CANECO

            Múcio Barroso e Totó saíram para caçar pacas. A noite estava escura e a caçada não fora proveitosa. Nada encontraram. Andaram, beberam, comeram os tira-gostos e nada de caça. Por fim, cansados e sedentos, procuraram um córrego pequeno, um chavascal, para onde se dirigiram para aplacar a sede de ressaca de cachaça. Múcio foi à frente e encontrou, na escassez do regato, um ponto onde se acumulava alguma água, que foi recolhida num copo e sorvida com sofreguidão. Totó aguardava ao lado e requereu do companheiro:
            - Pega uma caneca destas para mim aí também.
            Múcio recolheu a água e passou o caneco de alumínio amassado ao colega. Totó, ressecado e ressacado, sorveu o líquido com avidez. No fundo encontrou um objeto estranho. Era a dentadura do Múcio que jazia no fundo, colocada de propósito pelo amigo. Amigo? Sei não...
            Totó arremessou o copo e seu conteúdo esdrúxulo para a baixada do brejo, entremeado de um palavrão impublicável.
            Manhã seguinte, Múcio e um companheiro, o Totonho Cachaça, munidos de enxada pá e peneira, escarafunchavam o brejo à cata da prótese extraviada.
            Se a encontraram não posso informar. Perguntem ao próprio Múcio.


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