TRATO FEITO
Panicácio
das Couves laborava ao lado da única agência bancária
de Porteira da Encruzilhada. Produzia com muito critério suas
verduras e legumes num sitiozinho próximo e trazia diariamente os seus produtos
para satisfação dos moradores do lugar. Folhas verdes, legumes frescos sem
qualquer agrotóxico. Tudo regado a água transparente de córregos empedrados que
cortavam sua propriedade.
Naquela
manhã chega o Ludumiro Tiborna em ares desconfiados. Rodeia o Panicácio como
quem quer comprar alguma coisa. E solta a proposta indecorosa:
- Parceiro,
você pode me emprestar trinta cruzeiros? Pago, no mais tardar, na próxima
terça-feira.
Panicácio,
que conhecia o indivíduo, tido como mau pagador, matutou por um instante, coçou
a base da nuca e disparou:
- Olha, Seu
Tiborna. Eu até poderia arrumar o dinheiro mas estou impedido por força de um
contrato que firmei como Banco aqui do lado. Eu não posso emprestar dinheiro e
nem o Banco pode vender verduras e legumes. E, como você sabe, eu não sou de
cachorrar com ninguém.
O Tiborna
saiu calado. Por dentro expelia nuvens de marimbondos e grilos.
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