HISTÓRIA DE ONÇA
Vamos contar hoje uma historinha
ocorrida lá na Mata do Angico Velho.
Estava por
lá um cachorro vagando pelas beiras do matagal procurando alguma coisa para se
alimentar. Farejou, farejou até que achou por ali, esquecidos, uns ossos,
possivelmente deixados por algum animal. Esfomeado que estava, começou a
roê-los, observando à volta. Nisso, viu numa moita próxima, uma onça pintada
que o observava, olhar cobiçoso. Fingiu que não viu o felino e comentou em
voz a ser ouvida nas adjacências:
- Oncinha
apetitosa que acabei de comer! Pena que não tem mais! Se tivesse descia bem!
A onça ouviu
aquilo e pensou, lá com seus botões, aliás com o seu botão, porque, pelo que me
consta, onça só tem um botão:
- Eu, hem!
Vou cair fora! Este cachorro é perigoso!
E, com patas
de veludo, foi saindo de fininho e sumindo na mata para alegria do cão.
Um macaco,
xereta e fofoqueiro, que de cima de uma árvore observara tudo, saiu atrás de
onça e foi encontrá-la numa clareira mais adiante. E para ganhar pontos com o
bicho mais valente daquela mata, foi logo fazendo média:
- Olha, Dona
Onça, aquele cachorro não pegou coisa nenhuma. Achou ali na boca da mata
aqueles ossos e, quando viu a senhora, tirou uma de valente. Aquele vira-latas
esfomeado não mata nem um rato. Ele fez a senhora de otária.
A onça ficou
por conta. Convocou o macaco:
- Monta aqui
nas minhas costas que eu vou voltar lá mostrar pra aquele cachorro sem
vergonha quem é que manda nesta mata.
E foi.
O cachorro
quando viu a onça retornando, com o macaco nas costas, teve mais uma ideia
brilhante. Quando se aproximavam, exclamou em voz a ser ouvida pela dupla:
- Lá vem
aquele macaquinho esperto trazendo mais uma onça para eu comer.
O felino
quedou-se, olhou para o cachorro que permanecia firme no seu lugar. Virou-se
para o macaco, pegou-o pelo pescoço. Enfiou-lhe a mão na faixada, fazendo-o
estatelar-se longe. Sumiu a galope na quebrada da mata.

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