terça-feira, 30 de junho de 2015

HISTÓRIA DE ONÇA



Vamos contar hoje uma historinha ocorrida lá na Mata do Angico Velho.
            Estava por lá um cachorro vagando pelas beiras do matagal procurando alguma coisa para se alimentar. Farejou, farejou até que achou por ali, esquecidos, uns ossos, possivelmente deixados por algum animal. Esfomeado que estava, começou a roê-los, observando à volta. Nisso, viu numa moita próxima, uma onça pintada que o observava, olhar cobiçoso. Fingiu que não viu o felino e comentou em voz a ser ouvida nas adjacências:
            - Oncinha apetitosa que acabei de comer! Pena que não tem mais! Se tivesse descia bem!
            A onça ouviu aquilo e pensou, lá com seus botões, aliás com o seu botão, porque, pelo que me consta, onça só tem um botão:
            - Eu, hem! Vou cair fora! Este cachorro é perigoso!
            E, com patas de veludo, foi saindo de fininho e sumindo na mata para alegria do cão.
            Um macaco, xereta e fofoqueiro, que de cima de uma árvore observara tudo, saiu atrás de onça e foi encontrá-la numa clareira mais adiante. E para ganhar pontos com o bicho mais valente daquela mata, foi logo fazendo média:
            - Olha, Dona Onça, aquele cachorro não pegou coisa nenhuma. Achou ali na boca da mata aqueles ossos e, quando viu a senhora, tirou uma de valente. Aquele vira-latas esfomeado não mata nem um rato. Ele fez a senhora de otária.
            A onça ficou por conta. Convocou o macaco:
            - Monta aqui nas minhas costas que eu vou voltar lá mostrar pra aquele cachorro sem vergonha quem é que manda nesta mata.
            E foi.
            O cachorro quando viu a onça retornando, com o macaco nas costas, teve mais uma ideia brilhante. Quando se aproximavam, exclamou em voz a ser ouvida pela dupla:
            - Lá vem aquele macaquinho esperto trazendo mais uma onça para eu comer.

            O felino quedou-se, olhou para o cachorro que permanecia firme no seu lugar. Virou-se para o macaco, pegou-o pelo pescoço. Enfiou-lhe a mão na faixada, fazendo-o estatelar-se longe. Sumiu a galope na quebrada da mata.

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