terça-feira, 30 de junho de 2015

PROIBIDO SAIR



                Década de sessenta. A guerra fria ameaçava o mundo. Lá na Vila do Macaco Prego, as preocupações eram outras. Na casa da viúva Marcolina Praxedes o ambiente não era dos melhores.  Sua única filha, a Maria do Rosário, por aí com seus dezesseis anos,  há dias vivia chorando pelos cantos da pequena casa. Nisso chega o Dorval, amigo velho e padrinho da menina. Após as saudações costumeiras, percebe os olhos vermelhos da mocinha:
                - Mas que tá havendo por aqui? Por que este zoinho triste da minha menina?
                E Marcolina explica que não está deixando a moça sair na rua para encontrar suas amigas. Nem mesmo à aula de costura ela tem ido. E a menina está enfadada de tanto viver presa, daí aquele choro constante.
                E a repreensão do compadre:
                - Mas por que diabo a menina não pode sair? Se ela é tão ajuizada, tão direita... E nem namorado tem ainda!
                E a Marcolina desaprovando a ignorância do Dorval:
                - Uai, compadre, então ocê não tá sabendo que tá vindo por aí um tal de Comunismo que não respeita moça donzela, mulher casada, criança nem nada?  Enquanto ele não passar e sumir de vez destas bandas ela não sai. Não sai e não sai. E pode chorar.
                

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