PROIBIDO SAIR
Década
de sessenta. A guerra fria ameaçava o mundo. Lá na Vila do Macaco Prego, as
preocupações eram outras. Na casa da viúva Marcolina Praxedes o ambiente não
era dos melhores. Sua única filha, a
Maria do Rosário, por aí com seus dezesseis anos, há dias vivia chorando pelos cantos da pequena
casa. Nisso chega o Dorval, amigo velho e padrinho da menina. Após as saudações
costumeiras, percebe os olhos vermelhos da mocinha:
-
Mas que tá havendo por aqui? Por que este zoinho triste da minha menina?
E
Marcolina explica que não está deixando a moça sair na rua para encontrar suas
amigas. Nem mesmo à aula de costura ela tem ido. E a menina está enfadada de
tanto viver presa, daí aquele choro constante.
E
a repreensão do compadre:
-
Mas por que diabo a menina não pode sair? Se ela é tão ajuizada, tão direita...
E nem namorado tem ainda!
E
a Marcolina desaprovando a ignorância do Dorval:
-
Uai, compadre, então ocê não tá sabendo que tá vindo por aí um tal de Comunismo
que não respeita moça donzela, mulher casada, criança nem nada? Enquanto ele não passar e sumir de vez destas
bandas ela não sai. Não sai e não sai. E pode chorar.

Nenhum comentário:
Postar um comentário