SANTO
REMÉDIO
Tibúrcio
Alpercata era o maior entendedor de doenças de cavalo lá em Capoeira da Onça.
Aliás, era o único. Cuidava de uma meia dúzia de equinos e tinha fama de
conhecer de suas mazelas e dos tratamentos para combatê-las. Além dos cavalos,
era também grande apreciador de uma caninha. Passava as horas de folga, que
eram a maioria delas, no boteco do Calixto jogando conversa fora e entornando
copos.
Naquela tarde, chega o Benevaldo. Cumprimenta a turma e logo
se dirige ao Tibúrcio:
- E aí, Tiburção, como tem passado?
- Assim como Deus permite. Não posso me queixar. S’eu queixo
é de burro.
- Falando sério, Tibúrcio, eu estou com um cavalo lá no meu
sítio com aquela doença, o garrotilho. Fiquei sabendo que um dos seus animais
teve isso também há uns dias atrás. Que remédio você deu pra ele?
O Tibúrcio bebeu mais uma e, com ar professoral, passou a
receita:
- Olha, Benevaldo, eu dei para o meu sulfadiazina e preparei
também um chá de folha de eucalipto. O
chá é só para o bicho cheirar aquele vapor que sai da vasilha. Bem quente.
Benevaldo agradeceu e foi aviar o receitado.
Dois dias depois, no mesmo boteco, chega o Benevaldo.
Dirige-se outra vez ao Tibúrcio, que como sempre, lavorava nas bordas dos
copos:
- Olha, Tiburção, eu dei o remédio para o meu cavalo, do
jeito que ‘cê falou. Adiantou nada. O bicho morreu.
E o receitante, jogando de lado, o resto da pinga para o
santo:
- O meu também.
Benevaldo deu um muxoxo, olhou para um lado e para o outro e retirou-se da espelunca.
Benevaldo deu um muxoxo, olhou para um lado e para o outro e retirou-se da espelunca.

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