OS CABELOS
Ah! Os cabelos. Os das mulheres, nem se fala. São uma máquina de moer tempo e dinheiro. É tinta, é chapinha, é rolo, é permanente. Quem entende as mulheres! Quem tem cabelos lisos, procura encaracolá-los, enrolá-los. Já quem os tem cacheados ou crespos, procura de todo jeito alisá-los, esticá-los.
E se chover? Aí é um Deus-nos-acuda. O cabelo cacheado enrola-se e o liso, que não pela própria natureza, vira um torrisco. Uma vez fui parado na rua por uma moça que, apavorada ante as primeiras gotas de chuva, pedia carona para chegar à sua casa, duas quadras adiante.
- Para, aí, moço! Me dá uma carona até ali.! Acabei se sair do salão!
Levei a moça, mas não quis perguntar-lhe se era salão de beleza. Achei que seria indelicado.
Deixa pra lá.
Tive uma namorada, lá no tempo da fumaça, que tinha um cabelo liso e pesado que nada o fazia encaracolar-se, a não ser com uso de laquê, um cola ressecada que incomoda. Melhor deixá-lo em sua forma natural. Até que era bonito, mas a dona, como toda mulher, queria variar o penteado, o que não era possível.
Com os homens, de uns tempos para cá, vem acontecendo coisa semelhante. A pintura, quase sempre soa falsa. O indivíduo fica parecendo um pica-pau, ou mesmo quando a tintagem é discreta, dá-lhe uma aparência meio feminina (nada contra). Mas, enfim, o maior problema do setor masculino não é o cabelo, mas a sua ausência. É o terror dos machos humanos. Principalmente quando ainda estão jovens. Procuram receitas milagrosas para sustar a despedida de cada fio, que sorrateiramente vai pedindo demissão. Pedindo nada! Vai abandonando, sem consentimento do dono, o lugar onde nasceram. Ingratidão pura!
Fazer o quê?!

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