A SELA DO BISPO

Santana do
Badulaque estava eufórica. Pela primeira vez iria receber o bispo da diocese,
Dom Serapião Pestana. A cidadezinha era um reboliço só. As senhoras do lugar
preparavam os comes-e-bebes para a comitiva. Outros, os jovens, cuidavam da
recepção. A criançada ensaiara, por mais de mês, hinos religiosos e pátrios
para desovar na chegada. Os poucos músicos do lugar capricharam em vários
dobrados para desafinar menos na chegada do religioso e seus padres
acompanhantes. Já o fazendeiro Aristobaldo Praxedes cuidava dos animais e dos
arreios que iriam buscar a comitiva de Sua Excelência Reverendíssima na estação
mais próxima, cerca de meia légua da cidade. Animais caros e dóceis, arreios especiais e todo o conforto possível era
providenciado para trazer o religioso e sua comitiva para a visita histórica à
cidadezinha. Em frente à casa do Praxedes, onde também se hospedariam os religiosos, a turma ultima os retoques para buscar o séquito representante de Deus. Chega o
Antenório Gusmão, o boticário do lugar, observa a arrumação e destaca um cavalo
alazão, o mais bem arreado. Toca a borraina da cela para certificar-se de sua maciez.
Chega o dono dos animais e, orgulhosamente, assevera:
- Este é o
meu melhor cavalo, com o melhor arreio que tenho, reservado para Sua Excelência
Reverendíssima.
O boticário
repica a mão mais três vezes sobre o assento do arreio e comenta:
- Então é aí
que Sua Excelência Reverendíssima, Dom Pestana, irá repousar a sua Santíssima
bunda.
Se alguém em
volta teceu algum comentário descarece aqui narrar.
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