quinta-feira, 17 de janeiro de 2019


É PARA CASAR?

            Os tempos eram os antigos.
Manezinho Custódio passeava na praça principal da cidade, banzerando, à procura de uma paquera. Viu Ritinha Pé-de-Valsa que derramou sobre ele um olhar disminlinguido. Atacou em seguida, sabendo que a menina era conhecida como uma pia-de-água-benta, ou seja, daquelas que todos passam a mão.
            Mais tarde, já na porta da casa da menina, atracado como se requer nessas ocasiões, foi surpreendido pelo pai da garota, o Zé Cavaco, homem severo, cujo sonho era casar a moça para evitar maiores preocupações já que ela, de muito, era mal-falada no lugar.
            - E aí, rapaz! E essas liberdades com minha filha?!... Você está namorando pra casar ou pra que é?
            O Manezinho, meio desconcertado, procurando se refazer da situação constrangedora:
            - É, Seu Cavaco, é só para o “que é”.
            E desfez-se na noite, como um fantasma surpreendido pelo sol.         

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