quinta-feira, 17 de janeiro de 2019


O ELEITOR

            Pedro de Neusa, muitos de vocês se lembram dele. Conheci-o muito jovem, quando ainda trabalhava. Vinha à cidade acompanhado de seu pai, o Bernardo. Tinha um irmão de nome Isnard que desapareceu daqui.  Nunca mais soube que rumo houvera tomado.
Mas vamos ao que interessa.
Numa véspera de eleição, década de sessenta, chega ele ali debaixo de uma daquelas árvores enormes que havia na praça da Igreja e me confessa:
- Já ganhei um par de botinas da turma da UDN e um corte de calça do PSD. Lavei a égua. E não vou votar em nenhum dos dois candidatos.
E num riso escancarado entre várias falhas de dentes encerrou a conversa:
- Eu sou analfabeto.
Sumiu na esquina do Hotel Amparo deixando comigo um sorriso amargo de fim de tarde sem sol.

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