O ELEITOR
Pedro de
Neusa, muitos de vocês se lembram dele. Conheci-o muito jovem, quando ainda
trabalhava. Vinha à cidade acompanhado de seu pai, o Bernardo. Tinha um irmão
de nome Isnard que desapareceu daqui. Nunca mais soube que rumo houvera tomado.
Mas vamos ao que interessa.
Numa véspera de eleição, década de
sessenta, chega ele ali debaixo de uma daquelas árvores enormes que havia na
praça da Igreja e me confessa:
- Já ganhei um par de botinas da
turma da UDN e um corte de calça do PSD. Lavei a égua. E não vou votar em
nenhum dos dois candidatos.
E num riso escancarado entre várias
falhas de dentes encerrou a conversa:
- Eu sou analfabeto.
Sumiu na esquina do Hotel Amparo
deixando comigo um sorriso amargo de fim de tarde sem sol.
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